Tuesday, January 22, 2008

Lá fora.

Ouvir certas coisas é difícil. Mas naquele dia ela ouviu calada. A voz do outro lado da linha telefônica dizia duras realidades, e ela ouviu tudo sem derramar uma só lágrima. O nó na garganta permaneceu lá durante toda a noite. Fazia frio, apesar de ser verão. Chovia, ventava, e por toda a cidade haviam árvores caídas. Por toda a cidade havia destruição causada pelo vento forte. Lá fora chovia. Lá dentro a solidão fazia frio.Ela tentou dormir, fechar os olhos e não pensar. O vento soprava forte, e ela tem medo de vento. O vento o leva para longe. E do outro lado da linha telefônica ele dizia coisas. Verdades cruas, difíceis de se ouvir. Ninguém nunca tinha sido tão duro com ela. Sentiu um frio na espinha. As borboletas do estômago voaram mais que nunca.Ela pensou e pensou em tudo que ouviu e não conseguia se lembrar quando foi que ela tinha se tornado essa pessoa. Não sabia dizer por que agia assim. Lá fora chove. Lá dentro ela chora. Oh! como ela sempre chora. Como ela chora.Ele se irrita e briga. E ela fica só ouvindo. Ouve, respira fundo e prende o choro. Ela percebe que a ligação está cada vez ficando mais longe. É o vento que sopra e leva embora. É o jeito que ela age.Um dia ele disse, cara a cara, coisas bonitas de se ouvir. Ela retribuiu com toda a verdade. Ela retribuiu. Mas o jeito que ela retribui ele não gosta. Ele não quer. Ele não entende o quanto ela quer retribuir do jeito que ele gosta. Ela tenta e tenta. Mas talvez ela não seja quem ele quer. Talvez o jeito que ela ama ele para ele não sirva.E lá fora chove. Lá fora venta. Lá fora as árvores caem. Lá dentro ela chora. Oh! como ela chora!

Monday, January 07, 2008

Menina mimada

Há anos que ela não te olhava. Pra falar a verdade ela nunca tinha te olhado. E foi engraçado te olhar depois de tantos anos. Foi como se uma nova pessoa surgisse na sua frente. Se encantou. E ela só podia pensar nisso. Então ela ia, e dançava, e tentava fingir que tava tudo bem, mas ela sempre voltava a falar com você, porque o que ela realmente queria era você.
Conseguiu. Como sempre consegue tudo, assim como uma boa menina mimada. E de tão mimada ela conseguiu estragar aquele amor todo que recebeu.
Meninas mimadas não sabem dar o devido valor as coisas maravilhosas que elas conquistam, e nem as pessoas. E você é certo. Mas ela é errada. Medrosa. Ela não sabe ser assim tão amada. Mas amar ela sempre soube, e de repente ela desaprendeu de tanto medo.
O amor é grande. O amor é. Ele existe.
Agora há dúvida se esse amor é assim tão correspondido. Porque "uma relação se constrói ou se destrói". Foi o que ela ouviu de você. E ela destruiu. Assim, sem mais nem menos, sem nem perceber. Destruiu.
Ela não sabe ser assim tão amada. Mas ela estava feliz com todo aquele amor, e não sabe dizer como conseguiu destruir aquilo tudo. Ela é apenas uma menina mimada. E meninas mimadas não sabem ser assim tão amadas.
Ela sofre. Sofre porque ama. Tenta consertar o estrago mas talvez seja tarde demais. Você está sendo intransigente. Ela tenta administrar todo aquele amor sentido e recebido. Ela sofre. Ela ama. Ela quer você. Só você.