Monday, March 15, 2010

laranja mecânica

Teve um dia que ela foi bailarina. Outro que foi borboleta, e outro que foi um jardim. Mas no dia em questão ela era melindrosa de penacho na cabeça.
rodopiou rodopiou e rodopiou até que foi parar nos braços de um rapaz. melindrosas geralmente param em braços de rapazes. e rapazes geralmente gostam de melindrosas.
mas ela queria que o rapaz gostasse dela, e não da melindrosa.
foram jantar e ele serviu camarão e siri, e não deixou que ela pagasse. subversivo, também não pagou a conta. e correram para o coreto dançar. subversivo, ele não acompanhou ela até a porta de sua casa. ela foi embora sozinha.
mas melindrosas não ficam muito tempo sozinhas. e antes de chegar o trem ela encontrou um novo rapaz. não era como o outro. ela não se jogou em seus braços. mas a noite estava de fato muito romântica. andaram sobre a luz da lua, caminharam pela praia, sentaram juntos, conversaram a noite inteira. e ele acompanhou ela até em casa. um romântico incurável! mas não... melindrosas não gostam de românticos. preferem os subversivos de mente suja e talentosa.
no dia seguinte ela voltava a ser bailarina, e como não podia deixar de ser o rapaz continuava em sua mente. eles se encontraram no alto do morro, mas ele vestia outra fantasia. uma fantasia que combinava mais com a dela. mas ela queria era o subversivo, que ficou perdido em algum lugar da noite anterior.

Saturday, March 06, 2010

Dedicado a elas que quando lerem saberão exatamente que são elas.

É engraçado como as coisas de repente voltam para o lugar. De repente me vi diante daquelas que acompanharam meu crescimento (e eu o delas) mas que em algum momento eu perdi. Ou nos perdemos. Sim, de fato nos perdemos pelo mundo e pela vontade de se afastar daquilo que um dia fomos.
Tínhamos muitas coisas juntas para sermos deletadas umas das outras. Tínhamos muitos risos, muitas confidencias, muitas histórias. Tínhamos aquele olhar e aquele sorriso e aquele amor.
Tínhamos também as noites em claros, regadas de bebidas e ervas que nem sabíamos usar direito, com mil indagações sobre a vida, o futuro, o amor, e vendo filmes tolos que nos faziam chorar um choro adolescente. Tínhamos também um sofrimento adolescente, uma inquietação adolescente, e uma adolescência normalmente boa e divertida.
Mas daí foi cada uma pra um lado. E como num piscar de olhos estavamos todas juntas novamente. As coisas estavam voltando para o lugar. Tiveram tragédias, e amores perdidos, e confusões internas. E de repente estavamos todas juntas novamente, uma segurando a barra da outra. Me parece que tudo ficou mais fácil, sabe?!
Foi natural. Porque sempre foi natural. E aquela babaquice adolescente de que tudo é para sempre começa a fazer sentido para certas coisas. Porque o olhar continua aqui, o sorriso continua aqui, o amor continua aqui. A gente continua se conhecendo de verdade. E eu confesso que volto a não saber mais viver sem vocês ao meu lado. Tudo bem que esse lado é meio vocês lá do outro lado do oceano, e nós aqui. Mas enfim... é ao lado!
Me conforta pensar que temos umas as outras. E paro de ter inveja daquele grupo de amigos super unidos de filmes que passam a vida colados. Sim, somos nós!