Thursday, February 28, 2008

Tem vezes que você só precisa de um gesto carinhoso de alguém. E era disso que ela precisava naquele dia.
Havia passado o dia inteiro em casa, para ser mais preciso, o dia inteiro no quarto. Ouviu músicas de cantores com voz de veludo. Pensou em tudo que podia e o que não podia. Seus pensamentos eram rápidos e a deixavam confusa. Eles tinham vida própria e a faziam pensar em coisas que ela não gostava. Quando o disco acabava, o silêncio era tão grande quanto a solidão daquela casa. E ela nem estava sozinha na casa.
Angustiada ela procurava coisas que a distraíssem. Livros e mais livros. Nada a deixava menos angustiada. Menos solitária. E aquele gesto era a única coisa que faria a angústia sumir, ou pelo menos cessar.

Tuesday, February 26, 2008

O Tal Perfume

Todo lugar que vou
Sinto o cheiro
Da colcha azul de flores coloridas
Dos discos
Sinto o perfume
Daquele que não volta
Do tempo
Em que fui roubada de mim mesma
O aroma de coisas belas e sujas
De vida seguindo em frente
De saudade.

Monday, February 18, 2008

Relato de uma noite que deveria ter sido como outra qualquer

Bibi e Titi estavam em um ponto de ônibus na rua Jardim Botânico. Titi apenas acompanhava a amiga pois ela morava nas redondezas. Bibi queria pegar um ônibus para a Gávea. Era uma noite quente de verão. As duas conversavam coisas sem importância. Às vezes ficavam em silêncio, aquele silêncio um pouco desconfortável.
Foi num momento de silêncio desses que uma moto andando em pouquíssima velocidade se aproximou delas. O motoqueiro colocou a mão na cintura como se fosse tirar alguma coisa. As duas por alguns segundos pensaram em se tratar de um assalto. De repente o motoqueiro jogou em cima delas, para ser mais exata jogou na cara delas, um monte de jornais enrolados, e saiu correndo com sua moto. As duas ficaram num certo estado de choque. Abaixaram e cada uma pegou uma cópia do tal jornal: Tribuna da Imprensa. As duas começaram a rir. Então o motoqueiro voltou e disse para elas: "Leiam esse jornal. É muito importante ler. Ler faz bem."
As duas não conseguiram mais parar de rir. Tinham acabado de levar uma jornalzada na cara e um conselho educativo.
Continuaram rindo à espera do ônibus. Um carro grande da Globo parou na frente delas. Alguns segundos e nada aconteceu. As duas se entreolharam. Eis que uma equipe de filmagem saiu rapidamente do carro. O cinegrafista ligou a câmera. O repórter pegou seu microfone e começou a entrevistar as duas moças. Elas não conseguiam mais parar de rir. O repórter disse sobre o que era a matéria: falta de luz nas ruas da Zona Sul. Mais risos. O repórter insistiu na entrevista. Bibi e Titi, em meio a risos, disseram que naquele momento seria impossível, que elas não conseguiam parar de rir. A equipe de filmagem desistiu e foi embora.
As duas voltaram a esperar o ônibus. Ele chegou e Bibi fez sinal. O ônibus parou, Bibi entrou e seguiu para Gávea. Titi foi andando até sua casa. A noite acabou.

Wednesday, February 13, 2008

Monday, February 04, 2008

Maracangalha.

De coroa na cabeça e máscara vermelha ela foi pular o carnaval carioca.
Eles se encontraram. Os dois sentindo uma felicidade lisérgica, pularam na pscicodelia do momento e fizeram declarações de amor eterno. Que seja enquanto dure. E se a gente não acreditar que é eterno, então não tem por que.
O chapéu preto dava a ele um pequeno toque carnavalesco. Sorrindo quase que o tempo todo, eles se isolaram um pouco do resto do mundo, e se fecharam numa bolha a dois. Pensamentos, sentimentos, tudo explodindo em confetes e serpentinas. As máscaras caíram. Eles não precisam mais fingir sentimentos, agora é tudo verdadeiro apesar da lisergia. Verdade verdadeira.
Psicodelias a parte, o bloco foi o melhor de todos os carnavais. Carnaval é sempre bom, carnaval é sempre carnaval. Mas nesse eles estavam mais juntos que antes. Nesse eles estavam juntos.