Thursday, March 17, 2011

Deixo estar.

Haviamos chegado a um entendimento: você não me quer, eu te esqueço, e agora seremos amigos. Ponto final. Ou não.
Nesse entendimento eu mergulhei de cabeça, já que não podia mais mergulhar em você. Eu subi a rua, segui os trilhos e te deixei lá. Voltei solitária, pensativa e calma. Eu tinha entendido. Aceitado a nova condição que me impôs. Dei uma volta maior, continuei a seguir os trilhos, só para sentir por mais tempo aquela calma sensação de aceitação do não. Não.
E de repente, não mais que de repente, você me pega e me abraça e me beija. Você descumpriu nosso entendimento. Você me fez desentender tudo e desci a rua escorregando pelos trilhos, correndo. Com medo. Eu entendi e desentendi tudo em frações de segundos e, agora, confusa prometo a mim mesma que não vou mais tentar entender. Deixo estar. Simplesmente estar.

Wednesday, March 02, 2011

Não foi nada

Não foi nada. Eu acordo correndo contra o tempo. Arranhões no carro e no corpo. Mudo de cidade por alguns dias, te deixo. Noite a dentro ouço sua respiração ofegante, suas mãos sobre meu corpo. Penso se queria mesmo aquilo, penso que queria aquilo há um tempo. Assumo. Corro arranhando o carro e o corpo. Deixo de fazer a curva, sigo para a outra cidade.

Pausa.
Subo a rua e te vejo ao longe. Sorriso. Abraço. Samba, cerveja. Entro no quarto escuro, não é você que me segue. Ele entra, borboletas no estômago, você entra em seguida. Deixa ele me olhar, deixa ele me querer. - Vamos subir a ladeira? - E sigo com você. Com você. Deixo as outras borboletas quietas.
Indas e vindas. Você volta e me envolve em seus braços e me convida. Digo que sim. Quero sentir seu corpo pesando sobre o meu. - Pára! Pára! Volta.
Acordo quieta. Acordo parada. Não foi nada. Enrolada na canga te olho e te vejo. O jardim agora é feito só de saudade. O jardim foi guardado no armário. Não foi nada. Digo e repito para mim mesma - Não foi nada!

Tuesday, March 01, 2011

Eu tenho um novo segredo que não inclui você. Você disse e disse e disse. Eu ouvi, e derreti escorrendo por entre seus dedos. Como água. Tenho um segredo, agora, que você não faz parte. E não, não me olha assim, eu não quero. Não vem conversar, não fecha a porta, não entra no quarto. Não fique a sós comigo. Eu não quero. Dói.
Você não disse que não e nem que sim. Entre uma palavra e a outra eu me perdi no seu olhar negro. Não me olha de novo. Não me acha de novo só para me perder de novo. Não me perca de novo.
Fique aí. Eu estou aqui.