Eles tem o jeito deles. Um jeito que ninguém entende muito bem. Eles não se entendem muito bem. O jeito dele é sério. O jeito dela é nervoso e falante.
Ela fala e fala e fala e irrita ele com tantos por quês e com tantas questões. O jeito dele é mudo. E assim mudo ele sabe exatamente o jeito perfeito de magoar ela. O jeito dela magoar ele é fisicamente. Ela não sabe outro jeito de magoar ele.
O jeito deles é um magoar o outro.
Monday, June 22, 2009
Wednesday, June 17, 2009
Quando eu era pequena todo o dia 17 de junho eu recebia flores. Um lindo e grande buquê de flores. Eu saia correndo para atender a porta e ficava toda sorridente quando pegava o buquê. E continuava sorridente o resto do dia.
Era sempre um buquê bem colorido de flores variadas, acompanhado de um cartão.
"Para minha neta querida, toda a felicidade do mundo. Beijos Vovô"
No final da tarde eu atravessava a rua correndo. Entrava pelo jardim chamando por ele. Ele me olhava com seus olhos espremidos, que praticamente fechavam quando ele sorria. Eu corria e dava um grande abraço nele. Seus olhos ficavam fechados.
Mas um ano eu parei de receber as flores.
Fui correndo na casa de janelas azuis, e ele estava lá sentado vendo tv. Seus olhos espremidos se fecharam quando me viram. Mas ele não lembrava da data.
Às vezes ele não lembra mais de mim, mas eu sento do lado dele, pego na mão dele e digo: Meu Vô, meu Vô. Ele então diz: ô minha netinha querida. E passamos a tarde sentados um do lado do outro de mãos dada. Muitas vezes sem dizer nada.
Ele me faz perguntas sobre a minha vida, e esquece logo no dia seguinte. E sempre sorri quando eu chego, mesmo não lembrando exatamente quem sou eu. E ele ri das besteiras que ele fala, e ele ri das besteiras que eu falo. E a gente vai se entendo.
Quando eu era criança ele inventava músicas e levava os netos no cinema. Acordava cedo para me levar na escola. Falava coisas engraçadas.
Um dia a cabeça dele se confundiu toda. E ele se esqueceu de quase tudo isso.
E agora dia 17 de junho não é mais tão feliz sem as flores dele.
Era sempre um buquê bem colorido de flores variadas, acompanhado de um cartão.
"Para minha neta querida, toda a felicidade do mundo. Beijos Vovô"
No final da tarde eu atravessava a rua correndo. Entrava pelo jardim chamando por ele. Ele me olhava com seus olhos espremidos, que praticamente fechavam quando ele sorria. Eu corria e dava um grande abraço nele. Seus olhos ficavam fechados.
Mas um ano eu parei de receber as flores.
Fui correndo na casa de janelas azuis, e ele estava lá sentado vendo tv. Seus olhos espremidos se fecharam quando me viram. Mas ele não lembrava da data.
Às vezes ele não lembra mais de mim, mas eu sento do lado dele, pego na mão dele e digo: Meu Vô, meu Vô. Ele então diz: ô minha netinha querida. E passamos a tarde sentados um do lado do outro de mãos dada. Muitas vezes sem dizer nada.
Ele me faz perguntas sobre a minha vida, e esquece logo no dia seguinte. E sempre sorri quando eu chego, mesmo não lembrando exatamente quem sou eu. E ele ri das besteiras que ele fala, e ele ri das besteiras que eu falo. E a gente vai se entendo.
Quando eu era criança ele inventava músicas e levava os netos no cinema. Acordava cedo para me levar na escola. Falava coisas engraçadas.
Um dia a cabeça dele se confundiu toda. E ele se esqueceu de quase tudo isso.
E agora dia 17 de junho não é mais tão feliz sem as flores dele.
Tuesday, June 02, 2009
Aonde foi que eu perdi aquela tal felicidade?
Talvez não fosse felicidade, talvez fosse apenas euforia.
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