Monday, July 31, 2006

Queria

Eu queria saber falar outra língua
A sua língua
Para que eu pudesse entender
O que se passa dentro de você

Eu queria morar em outro país
Onde você se esconde
Para que eu pudesse te encontrar
Talvez, te amar

Eu queria poder escutar
As coisas que diz em silêncio
Palavras soltas, frases feitas
Pensamentos

Eu queria enxergar seus gestos
E seus sentimentos
Assim não me perderia tanto
Tanto em você

Eu queria poder tocar os ossos
A pele e os lábios
Sem ter medo
Desse mistério
Que é você

Monday, July 24, 2006

Sensibilidade

Não vejo cores
Nem crio amores
Meus poemas são fracos
Sem rimas
Beleza

Traços oprimidos
Em desenhos e pinturas
Nada de belo
Tocante

O não sentimento
Em rimas pobres
Cores pálidas
Palavras comuns
Traçados sujos

A não arte
Inexistentes criações
Criatividade que se esvai
Racionalidade

Penso, então
Falta sensibilidade

Monday, July 17, 2006

Vulnerável

Vulnerável
Pela primeira vez não me sinto vulnerável
Sei exatamente o que vai acontecer
Em um quarto de segundo

Por um instante pensei que houvesse outra solução
Mas esse instante se desfez
E tudo estava igual
Eu permanecia sozinho

E quão sozinho
Quanto um corpo estendido no caixão
Maquiado e vestido
Como se nada tivesse acontecido

Será que você estará lá?
Com seu vestido negro
Sua pele pálida
Os olhos secos

Não mereço se quer uma lágrima sua
Você em seu altar
Me fazendo de tolo
Me humilhando com suas risadas amargas

Estou livre disso
De todo sofrimento que me fez passar

E agora você deve estar pensando
Que está livre de mim
Enquanto na verdade
Eu nunca estive tão próximo de você

Culpo-te por este ato insano e desbravado
De tirar a única coisa que tenho direito
E sem medo o faço
Pois sei que agora
Serei inesquecível para você

Thursday, July 13, 2006

Fechar


Toda a vez que ela fecha os olhos vê o rosto dele
Ou não vê nada
Nada que a faça esquecer o passado

Às vezes tenta ficar sem fechar os olhos
Mas aí esquece e pisca
Rapidamente
Mas lá está ele
Ou não está nada
E o vazio lembra ele

Abre os olhos de novo
Olha em volta
Ninguém ao seu lado
Está tudo vazio e silencioso

Ela fecha os olhos e tentar voltar a dormir
Rola de um lado para o outro
A cama ficou grande
E vazia

E o vazio toma conta novamente
E ele reaparece
Uma lágrima escorre
Outra
Mais outra
Mais outra
Mais outra
Mais outra...
Até os olhos secarem
E fecharem

Wednesday, July 12, 2006

Aquela noite

Dia 2
Nós dois
Num quarto escuro
Silencioso
Ouvindo o som do ar entrando e saindo de nossos peitos
Os corpos quentes
Molhados de suor
A intimidade que era apenas verbal
Agora era também física
E fomos noite adentro
Tentando transformar as coisas que conhecíamos
Naquilo que não sabíamos que existia
Vivendo o que tínhamos medo até então
Conhecendo e sentindo um ao outro
Até a luz do sol cair sobre nós
Lembrando o que éramos
E o que nunca mais será o mesmo

Tuesday, July 11, 2006

Essa casa Esse cheiro

Essa casa
Esse cheiro
São seus
Não meus
Pelo menos não mais

Nos perdemos ha muito tempo
Em algum lugar
Que não sei a onde fica

Como eu queria encontrar novamente
Aquela casa
De janelas azuis
Onde nos encontrávamos
Sorrindo
Por que não sorrio mais quando olho para ti?

Essa casa
Esse cheiro
Ficaram insuportáveis
Mas continuo aqui
Tentando achar

Será que um dia vamos nos reconquistar?
O tempo é curto
Irei me arrepender
De não ter dito
Que ainda assim há amor
Dentro ou fora dessa casa

Em algum lugar escondido
Pelos bambus ou arbustos
Está aquele tempo
Em que tudo era mágico
Em que essa casa
Esse cheiro
Pertencia a todas nós
Principalmente a nós duas