Tuesday, March 27, 2007
Lacrimejantes
Eu disse para ele me esperar, mas ele foi embora. Numa tarde fria de julho, meus olhos lacrimejavam por causa do vento que não cessava por um minuto sequer. Estávamos andando juntos pelas ruas cheias e solitárias de São Paulo. Conversávamos sobre coisas tolas como o porque do cadarço do meu allstar preto ser branco, ou o bar que tínhamos ido na semana anterior. Mas como toda a conversa ganha vida e vai se encaminhando para assuntos diversos, terminamos falando sobre nós. E nós éramos casados há 2 anos e 10 meses e eu não estava grávida. Morávamos em uma casa com jardim na frente e havia um balanço que nunca era usado. A conversa chegou no balanço. Ele ficava extremamente incomodado de termos um balanço no jardim que não era usado. Eu achava que aquele balanço era apenas um balanço, e quase nunca olhava na sua direção. E a conversa foi crescendo no tom, as vozes ficaram mais altas. Ele queria uma coisa e eu ainda não. Minha boca estava toda rachada por causa do frio e meu nariz estava gelado. Parei numa loja para comprar um café quente, e pedi para ele me esperar pois tomaria o café andando. Mas ele foi embora. Me deixou sozinha naquela tarde fria de julho com os olhos lacrimejantes. E nunca mais voltou.
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O que estava balançando, era o amor deles. Lacrimejei na beleza de teu conto. Parabéns Béla!
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