Ela saiu do carro e ele ficou vendo ela desaparecer no final da rua. Ela não olhou para trás. Ele se arrependeu quando ela estava no meio do caminho, gritou seu nome. Ela não olhou para trás. Desapareceu. Ele enviou mensagens, sinais de fumaça. Desaparecida, ela recebeu. Desaparecida, ela não respondeu. Desaparecida, ela feriu os dedos, trincou os dentes, não dormiu, mas não respondeu.
Ele voltou para casa. Tentou dormir. Rolou de um lado para o outro. A cama não estava vazia. Vazio estava ele, agora. Vazio era ele antes. Vazio eram os dois sem os dois.
Ela relembra a primeira vez. Ele relembra todas as vezes. Ela sente frio na barriga. Ele sente calafrio na espinha. Ela bebe para esquecer. Ele bebe para entender. Eles dormem solitários.
Ela se entregou. Ele se rendeu. Ela chegou atrasada, muito atrasada. Ele não podia mais estar lá. Mas estava. Ela sorriu. Ele segurou em sua mão. Ela o abraçou. Ele a beijou. Ela deitou. Ele deitou.
A cama dela é vazia. A cama dele não. Ela desapareceu. Vazio, ele não dormiu sozinho.
Vazios eram os dois sem os dois.
A cada dia que passa percebo que os mais sozinhos são os acompanhados. Nõa tem coragem de viver a solidão plena e dessa forma preenche-la. Preenche momentaneamente e permanece assim nem cheio e nem vazio para o resto da vida.
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