Thursday, December 09, 2010

Euro Trip

Antes de embarcar eu chorava que nem uma criancinha que acorda com pesadelos longe da mãe. Chorava de medo, de alegria, ansiedade, angustia. Choro adulto e infantil. Respirei fundo e fui. E FUI!
Roma. Londres. Paris. Cada cidade uma viagem. Momentos completamente diferentes, sensações. Andanças, sorrisos, cervejas, conversas, novos lugares, observações, pessoas, olhares, sentimentos, comidas, gargalhadas, danças, inglês, francês, italiano, espanhol, e não, brasileiro não fala espanhol, fala português, elle parle brèsilienne.
Sofri um pouco, perdi bens materiais, me perdi, me apaixonei 2 vezes, me confundi, falei a língua errada no país errado, fui roubada, fui roubada de mim mesma, chorei de tristeza, chorei de alegria, chorei na torre eiffel, chorei saindo de roma, chorei quando cheguei no rio.
Voltei sem me dopar e percebi todos os medos superados, todas as barreiras quebradas e oceanos atravessados.
Deixei as malas ainda feitas no meu quarto por mais de uma semana. Não consegui tocar nelas, iria desfazer toda a viagem e voltar pro mundo real. Não, eu quero aquele mundo aqui junto comigo.
Voltei e não quis sair de casa. Não queria perceber que tinha voltado. Voltei na hora certa e cedo demais. As malas mais vazias. O resto todo mais cheio. Voltei outra na mesma pessoa. Foi difícil e fiquei distante. E agora só quero aquilo que realmente me tire do sério, me faça sorrir aquele sorriso largo e gostoso que não cabe nos lábios.
Voltei e quero tudo novo! Quero tudo de novo! Quero ser essa outra na mesma pessoa.
E desde então, todos os dias eu acordo com uma saudade que me dói no peito.

Monday, October 18, 2010

Shiiiiiiii....

Shiiiii! vamos ficar só um pouquinho em silêncio? Não, não fala nada. Me dá a mão. Não precisa de mais palavras. Já não entendi. Já não entendo. Vamos ouvir só nossa respiração.
Shiiiii! Não fala nada! Não posso mais ouvir. Vamos ficar só um pouquinho em silêncio? Vem, deita aqui comigo. Vamos só nos sentir. Vamos ouvir só nossos suspiros.
Shiiiii! Calma. Tem muito tempo... Não precisamos falar tudo agora. Vamos ficar só um pouquinho em silêncio. Me abraça. Acende um cigarro. Me dá um trago. Solta a fumaça. Não me solta. Shiiiii! tá tudo bem. A gente vai se entender. Agora só precisamos de silêncio. Recosta sua cabeça nos meus seios. Vamos esperar. Em silêncio.

Saturday, September 25, 2010

Inquieta, eu como minhas cutículas tentando entender o que se passou.
A lembraça fica deformda conforme o dia vai passando. As falas se confundem e não sei mais o que foi dito de fato.
Ebulição de pensamentos. Ebulição de sensações. No quarto escuro, a chuva deixamos do lado de fora, acasalamos. Suspiros, sussurros. Fui embora.
Andei solitária na rua, procurando. Estomago doendo de tantas borboletas. Comecei a comer as cutículas feridas. Continuei assim o resto do dia.
Deixo a chuva entrar e termino de ferir os dedos. Não há mais pele. Insisto. Relembro todos os passos da noite. Lembranças deformadas. Palavras esquecidas. Surto dentro daquela noite, e tento engarrafá-la e guardá-la só para mim. Inquieta, sinto vergonha. Encontro rastros de esquecimento em cada pensamento. A noite vai se dissolvendo em outra.

Thursday, September 09, 2010

Wednesday, August 18, 2010

O casal da porta...

Os olhares trocados em praças e bares, entre eles dois, são o ponto principal de toda aquela relação. Relação pela qual eles nem se quer lutam para manter, mas ela se mantém sozinha e atravessa meses, até anos.
Eles se olham. Se olham. Dizem muitas coisas pelos olhos até se aproximarem de verdade. - Linda! - Ele elogia ela sempre que se aproxima. Ela sorri aquele sorriso que não cabe nos lábios. Sorri com os olhos. Não existem muitas palavras, não existe muita verbalização. Eles apenas sentem um ao outro.
Respira fundo. Ela vira as costas e sai. Ele fica desconcertado. Respira fundo. Ela vai voltar. Ele não pode voltar.
- Eu tenho uma vontade de você. - Ele diz e não ouve a resposta. Ela não consegue verbalizar. Pega ele pela mão e deita junto dele. Agora ele conhece o mundo dela. Medo. Agora ela conhece o mundo dele. Medo.
Respira fundo. - Tenho medo de você, vou sumir.
Ela aceita. Ele aceita. De repente estão juntos novamente.
A relação criou vida própria. E ele não pode. E ela... Será mesmo que ela quer?
Existe uma intensidade, uma distância, uma estranheza. Eles se sentem próximos e não conseguem não viver. Ele não pode. Ela não sabe se quer.
Respira fundo. Pula de cabeça.
Cuidado. Ninguém pode saber. Cuidado. Não pode existir mais amor. Para ele existe um outro amor. Para ela existe algum amor.

Friday, July 23, 2010

Desencontro e encontro

O abraço de despedida foi como os abraços antigos: intenso e longo. Uma intensidade que nenhum tipo de distância apagou. As distâncias são quase incontáveis. E eu sei que elas são quase irreversíveis.
Mas aquele abraço se manteve daquele jeito por todos esses anos. Aquela luz no olhar e aquele sorriso. Anos e anos e ainda lá. E como é bonito. Como é bonito.
A história mais bonita de todas - digo eu com um largo e triste sorriso para as pessoas que nunca entendem. Talvez seja um nível de amor que só a gente entenda mesmo.
Te amar parece tão instintivo. Te amar parece tão calmo. E ao mesmo tempo não consigo parar de me mexer ao seu lado.
É um nível de amor que só a gente entende. Mesmo assim eu me perco.E não importa, pois é sensitivo e não racional.
É um amor diferente e peculiar. É um amor tão amor, que às vezes nem parece real. Mas eu também não sei muito bem o que realidade significa. Então escolho esse nosso nível de amor para ter sempre aqui junto de mim. Escolho nosso nível de amor e nossa história. Escolho nosso amor mesmo sendo ele bonito e triste. Escolho nosso amor porque realizar ele não tem tanta importância quanto a existencia dele.
E quero sempre lembrar daquele abraço que continua em meus braços, e daquele olhar que me preenche.
Eu te amo. Aqui. Lá.

Sunday, July 18, 2010

Não havia poesia alguma nele. Não havia aquela arte que exalava pelos póros.
Sua simplicidade foi aos poucos conquistando um sorriso cada vez maior. Ele era calmo, e ela inquieta. Ele ficava mudo, e ela falava coisas bonitas. Ele era inseguro, ela era insegura. Ele não sabia lidar com ela. Ela... ela era intensa. Via tudo de um modo tão diferente que sua visão ficava embassada. E bebia muito para espantar a ansiedade.
Ele não era ansioso. Ele parecia ser tão calmo que dava ela uma certa paz e uma certa segurança das quais ela não estava acostumada. Até que a segurança desmoronou na sua cabeça, junto com o sorriso que agora não podia ser maior. Ela correu, ela correu, ela correu. Mas não conseguiu alcança-lo. Suas palavras eram ouvidas e lidas mas ficavam sempre sem resposta.
Ela, então, comeu toda a cutícula até fazer feridas nos dedos. Triste, parou e disse: ok, agora começa tudo de novo. Tudo novo de novo.

Friday, July 09, 2010

Esse ano ele me deu flores e disse: eu que escolhi para você. Mesmo sabendo que não era verdade eu chorei. Talvez porque eu soubesse que não era verdade. Dia 17 continua sendo mais triste.

Thursday, May 20, 2010

Foi-se o último vestigio concreto. Agora resta só a cicatriz estampando meu rosto que sorri e chora ao mesmo tempo.

Thursday, April 08, 2010

E eu nem percebi o momento exato em que cheguei aqui. Esqueci de olhar o relógio e as horas se passaram claras e cheias. Lembro bem o caminho que tracei vagarosamente.
Deixei para trás aquela idéia de você, e você. E não me satisfaz mais cair em seus braços entorpecida de amor. Não me satisfaz Jogo-me nos braços de outro com uma tal intensidade. Aquela tal intensidade. E me surpreendo pensando em outra saudade e outra vontade. Não sou mais aquela espelhada nos seus olhos azuis. Não sou mais aquela sufocada pela sua beleza.
E no dia em que você comemora, eu comemoro o olhar sem sentir. Caio em outro quarto e sonho sem você. E sem você eu deito, gemo, tremo, e sorrio. E meu sentimento não tem mais o pensamento em você. Sou quase vazia de você.

Monday, March 15, 2010

laranja mecânica

Teve um dia que ela foi bailarina. Outro que foi borboleta, e outro que foi um jardim. Mas no dia em questão ela era melindrosa de penacho na cabeça.
rodopiou rodopiou e rodopiou até que foi parar nos braços de um rapaz. melindrosas geralmente param em braços de rapazes. e rapazes geralmente gostam de melindrosas.
mas ela queria que o rapaz gostasse dela, e não da melindrosa.
foram jantar e ele serviu camarão e siri, e não deixou que ela pagasse. subversivo, também não pagou a conta. e correram para o coreto dançar. subversivo, ele não acompanhou ela até a porta de sua casa. ela foi embora sozinha.
mas melindrosas não ficam muito tempo sozinhas. e antes de chegar o trem ela encontrou um novo rapaz. não era como o outro. ela não se jogou em seus braços. mas a noite estava de fato muito romântica. andaram sobre a luz da lua, caminharam pela praia, sentaram juntos, conversaram a noite inteira. e ele acompanhou ela até em casa. um romântico incurável! mas não... melindrosas não gostam de românticos. preferem os subversivos de mente suja e talentosa.
no dia seguinte ela voltava a ser bailarina, e como não podia deixar de ser o rapaz continuava em sua mente. eles se encontraram no alto do morro, mas ele vestia outra fantasia. uma fantasia que combinava mais com a dela. mas ela queria era o subversivo, que ficou perdido em algum lugar da noite anterior.

Saturday, March 06, 2010

Dedicado a elas que quando lerem saberão exatamente que são elas.

É engraçado como as coisas de repente voltam para o lugar. De repente me vi diante daquelas que acompanharam meu crescimento (e eu o delas) mas que em algum momento eu perdi. Ou nos perdemos. Sim, de fato nos perdemos pelo mundo e pela vontade de se afastar daquilo que um dia fomos.
Tínhamos muitas coisas juntas para sermos deletadas umas das outras. Tínhamos muitos risos, muitas confidencias, muitas histórias. Tínhamos aquele olhar e aquele sorriso e aquele amor.
Tínhamos também as noites em claros, regadas de bebidas e ervas que nem sabíamos usar direito, com mil indagações sobre a vida, o futuro, o amor, e vendo filmes tolos que nos faziam chorar um choro adolescente. Tínhamos também um sofrimento adolescente, uma inquietação adolescente, e uma adolescência normalmente boa e divertida.
Mas daí foi cada uma pra um lado. E como num piscar de olhos estavamos todas juntas novamente. As coisas estavam voltando para o lugar. Tiveram tragédias, e amores perdidos, e confusões internas. E de repente estavamos todas juntas novamente, uma segurando a barra da outra. Me parece que tudo ficou mais fácil, sabe?!
Foi natural. Porque sempre foi natural. E aquela babaquice adolescente de que tudo é para sempre começa a fazer sentido para certas coisas. Porque o olhar continua aqui, o sorriso continua aqui, o amor continua aqui. A gente continua se conhecendo de verdade. E eu confesso que volto a não saber mais viver sem vocês ao meu lado. Tudo bem que esse lado é meio vocês lá do outro lado do oceano, e nós aqui. Mas enfim... é ao lado!
Me conforta pensar que temos umas as outras. E paro de ter inveja daquele grupo de amigos super unidos de filmes que passam a vida colados. Sim, somos nós!

Sunday, February 21, 2010

Sapatinho Vermelho

Tudo começou com um sapatinho vermelho e ela ainda na barriga. Ela era tão menor que eu que ainda dormina no berço. E eu escalava o berço só para ver ela dormindo e fazia uma caminha do lado para não ficar longe dela nem por um minuto.
Ela era bochechuda e vivia sorrindo para mim. Não parava de dizer: Bibi Gil Gil Bibi. Era uma coisa difícil de explicar aquele laço.
De repente ela foi morar do outro lado do túnel Rebouças, e eu fiquei aqui desse lado. Doeu, sabe?! Mas quando a gente é criança é assim, dói e a gente chora e os adultos dizem que vai ficar tudo bem e a gente acredita piamente.
Mas não ficou tudo bem. A gente se via pouco, brincava pouco, e crescia muito. Muito afastadas.
E um dia eu achei que não conhecia mais ela. Foi estranho. Foi um vazio.
Mas ela voltou. Eu voltei. E de repente ela estava morando no quarto ao lado na casa de janelas azuis. Víviamos batendo na porta uma da outra. Conversas infindáveis, filosofias de vida, assuntos mundanos, roupas, sapatos, maquiagem, rapazes, me empresta isso?, ai ju, como você é chata! ai bi, como você é chata! me ajuda? vamos pedir japonês e ver um filme? fica aqui comigo? me abraça! te amo, prima!
E lá estava aquele laço de novo. Aquele laço inexplicável que não sabemos exatamente como começou. É só uma olhar no olho da outra e pronto, conecção!
Agora ela vai ganhar um pedaço do mundo que não faz parte do meu mundo. Eu pedaço que eu quase desconheço. Um pedaço só dela. E eu fico com os olhos cheios d'água de tanto orgulho. Aquela pequena não é mais tão menor que eu assim. Ela cresceu e se tornou mulher, que nem eu! E somos primas por imposição e irmãs por escolha. E minha vida fica tão mais vazia sem ela. E se enche de alegria em ver a pessoa surreal de incrível que ela se tornou.
Mas às vezes, só às vezes, eu sinto saudades de escalar o berço e ver a minha pequena dormindo com aqueles sapatinhos vermelhos.

Wednesday, January 20, 2010

Bu. ou um ensaio sobre nossa fantasia. ou um ensaio sobre nós no mundo da lua. ou simplesmente um diálogo.

- bu!
- que susto, rapaz!
- desculpa, não queria te assustar.
- tudo bem. gosto quando você me assusta.
- e eu gosto de te assustar.
- e quero brincar de bolinhas de sabão, você brinca comigo?
- só se eu puder me fantasiar de pirata e você de bailarina ou de fada, qual você prefere?
- ai, não sei... não consigo decidir. pode ser cada hora de uma?
- pode ser do jeito que você quiser. misture as duas.
- pronto! bailarina fada ou fada bailarina. agora me dá sua mão e vem, meu pirata! vamos fazer bolinhas de sabão!
- bolinhas de sabão tchublec tchublin! bolinhas de sabão tchublec tchublin!
- pirata, dança comigo?
- piratas não dançam, bailarina.
- então agora você não é mais pirata, você é o elfo, elfos dançam com fadas/bailarinas!
- eu não sei dançar.
- eu te ensino.
- eu sei voar. você quer voar comigo, fada?
- voar? pra onde?
- para onde você quiser, bailarina!
- eu quero ir para a lua!
- então me dê a mão, feche os olhos. estão fechados?
- fechadíssimos.
- só abre quando eu falar, tá bom?
- tá!
- tá sentindo? tá sentindo?
- to sentindo!
- agora abre os olhos.
- quanta estrela!
- tá vendo essa aqui? essa aqui é o meu presente para você. coloca no cabelo, fada.
- =)
- olha lá a lua. já estamos quase chegando....... chegamos!
- é linda.
- seu cabelo ficou mais prateado.
- eu quero morar aqui, elfo!
- ô menina bonita, você esqueceu? você já mora aqui! você e eu.
- eu e você.
- na lua.
- na lua.
- sorrindo.
- sorrindo.
- na lua!
- na lua!

Saturday, January 16, 2010

Eu tenho medo de você. Da sua volta e reviravolta. Da sua vinda e do sua conversa. De ter você aqui perto. De ter você aqui longe. De ter você e não ter nada.
Eu tenho medo do perto ser longe. Do meu ser seu. Do seu ser meu. De nós dois juntos sermos separados e saparados sermos juntos.
Eu tenho medo do que eu vivi e do que você viveu. Do que vivemos em kilometros, da distância em horas.
Eu tenho medo do jeito que foi, que é e que sempre será. E do nunca ser sempre. E do sempre ser nunca.
Eu tenho medo assim tão medo que dá medo do medo que dá.
E vivo aqui parada correndo me espalhando por todo lugar.

Thursday, January 14, 2010

Agora sou simplesmente eu. Ser eu dá trabalho. As pessoas não entendem e eu tenho que me explicar e repetir tudo. E daí elas dizem que ser eu não é bom, que eu devia ser mais assim ou mais assado. Que o mundo não sabe lidar com esse meu jeito.

Ser simplesmente eu é não seguir certas convenções da sociedade que na minha cabeça não fazem o menor sentido, mas que as pessoas cismam em seguir. É ter opiniões que a maioria não compartilha, e não aceita. É pensar demais e chegar a muitas conclusões. É racionalizar o sentimento e sentimentalizar o pensamento. É poder ser confusa e seguir impulsos e me atirar ou me calar. É viver no mundo da lua, porque esse daqui não me compreende e não me aceita.

Sim. Ser simplesmente eu dá muito mais trabalho.