Ela saiu do carro e ele ficou vendo ela desaparecer no final da rua. Ela não olhou para trás. Ele se arrependeu quando ela estava no meio do caminho, gritou seu nome. Ela não olhou para trás. Desapareceu. Ele enviou mensagens, sinais de fumaça. Desaparecida, ela recebeu. Desaparecida, ela não respondeu. Desaparecida, ela feriu os dedos, trincou os dentes, não dormiu, mas não respondeu.
Ele voltou para casa. Tentou dormir. Rolou de um lado para o outro. A cama não estava vazia. Vazio estava ele, agora. Vazio era ele antes. Vazio eram os dois sem os dois.
Ela relembra a primeira vez. Ele relembra todas as vezes. Ela sente frio na barriga. Ele sente calafrio na espinha. Ela bebe para esquecer. Ele bebe para entender. Eles dormem solitários.
Ela se entregou. Ele se rendeu. Ela chegou atrasada, muito atrasada. Ele não podia mais estar lá. Mas estava. Ela sorriu. Ele segurou em sua mão. Ela o abraçou. Ele a beijou. Ela deitou. Ele deitou.
A cama dela é vazia. A cama dele não. Ela desapareceu. Vazio, ele não dormiu sozinho.
Vazios eram os dois sem os dois.
Wednesday, November 30, 2011
Sunday, September 18, 2011
Coisas belas e sujas.
Eram dois perdidos numa noite suja. Lapa. Dois perdidos numa noite suja. Manhatan. Se tocam, se enconstam. América do sul, américa do norte e mais um continente a sua escolha. Se tocam, se encostam, se beijam. Aqui é permitido. De moto se misturam nas luzes da cidade. Se embolam, se enroscam. Mudam as malas de lugar. - Cerveja, vinho ou caipirinha? Embebeda ela. Embebeda ele. Embriagam-se juntos. Se perdem na sujeira da noite. Se embolam, se enroscam. Tiram a roupa. Se beijam. Sujos. Sempre de mãos dadas. - Vem, me dá a mão. Embrigados se jogam na sujeira da noite. Assistem. Se beijam. Assistem. Lapdance. Não. - Vem comigo. Em outro continente não conta. Qual continente? Sujos. Embaçam o vidro do carro. Sente o coração dela bater mais rápido. Se jogam na noite, se jogam no alcool, se jogam um no outro. Frio na barriga. Ressaca. Juntos. Coisas belas e sujas. Eles se gostam e se gozam. Dois amantes perdidos numa noite suja. Dois amores sujos perdidos. Amantes, perdidos. Amores, perdidos. Entre coisas belas e sujas.
Friday, September 09, 2011
Linhas
Entre fios e linhas, ele surgiu dizendo que o jeito dela entrelaçar estava errado. Já cansada e mal-humorada ela bufou. Mas olhou de novo para ele, e sem saber muito por quê, ela olhou de novo. Sentiu vontade de ficar perto. Ele sentou ao seu lado, entrelaçaram juntos as linhas coloridas. Os dedos dela estavam ficando em carne viva. Linhas, fios, cubos, cores. Olhou para ele e não quis mais olhar para ninguém.
Ele ofereceu seu corpo para ela enconstar. - Você é uma graça. Ela sorriu. Ela sorriu. E sorriu. Inesperadamente, ela sorriu mais do que achou que devia.
Esticou o pano colorido com os pés enquanto ele ajeitava as cordas entrelaçando suas mãos nas pernas dela. Medrosa, não o esperou na saída. Combinaram ao som de jazz. Seu corpo magro acolheu ela, preencheu ela. Linhas, cubos, fios, cores, mãos, bocas, corpos entrelaçados. E não, ela não é despretenciosa, mas tem de ser. Vai fugir para outra cidade. Ele então se afasta e diz não. Desolada ela corre e consegue enfim embarcar. Linhas, cubos, cores, se entrelaçam separados.
Ele ofereceu seu corpo para ela enconstar. - Você é uma graça. Ela sorriu. Ela sorriu. E sorriu. Inesperadamente, ela sorriu mais do que achou que devia.
Esticou o pano colorido com os pés enquanto ele ajeitava as cordas entrelaçando suas mãos nas pernas dela. Medrosa, não o esperou na saída. Combinaram ao som de jazz. Seu corpo magro acolheu ela, preencheu ela. Linhas, cubos, fios, cores, mãos, bocas, corpos entrelaçados. E não, ela não é despretenciosa, mas tem de ser. Vai fugir para outra cidade. Ele então se afasta e diz não. Desolada ela corre e consegue enfim embarcar. Linhas, cubos, cores, se entrelaçam separados.
Wednesday, September 07, 2011
E você veio de novo...
E veio você de novo. Borboletas no estômago. E veio você de novo.
Os anos passaram. Os anos sempre passam. Você volta, eu volto. No meio do caminho, falando outra lingua, nos encontramos depois de alguns anos. E a última vez eu que disse não. Arrependida, chorei no dia em que foi embora. E a vida não quis, a gente tentou, mas a vida não quis. Eu quis e você não. Você quis e eu não. Encontros e desencontros. Amores achados, amores perdidos, o nosso permaneceu. Durante todos esses anos, agora são nove.
E veio você de novo. No alto do prédio, no alto da big apple, você segurou em minha mão. Deu vontade de ter sempre. Dançamos lá, dançamos cá, seguimos a noite de forma peculiar pela cidade dos arranha céus. - Não me solta. - Não te solto. - Amanhã?
Mas você mora lá agora. Eu ainda não sei onde moro.
Por anos reneguei seu amor, meu amor. Hoje volto a dizer:
"E se algum dia a gente se esbarrar e se você quiser, eu te aceito. Eu aceito"
Você disse não.
http://dissolvidaemversos.blogspot.com/2007/10/4.html
Os anos passaram. Os anos sempre passam. Você volta, eu volto. No meio do caminho, falando outra lingua, nos encontramos depois de alguns anos. E a última vez eu que disse não. Arrependida, chorei no dia em que foi embora. E a vida não quis, a gente tentou, mas a vida não quis. Eu quis e você não. Você quis e eu não. Encontros e desencontros. Amores achados, amores perdidos, o nosso permaneceu. Durante todos esses anos, agora são nove.
E veio você de novo. No alto do prédio, no alto da big apple, você segurou em minha mão. Deu vontade de ter sempre. Dançamos lá, dançamos cá, seguimos a noite de forma peculiar pela cidade dos arranha céus. - Não me solta. - Não te solto. - Amanhã?
Mas você mora lá agora. Eu ainda não sei onde moro.
Por anos reneguei seu amor, meu amor. Hoje volto a dizer:
"E se algum dia a gente se esbarrar e se você quiser, eu te aceito. Eu aceito"
Você disse não.
http://dissolvidaemversos.blogspot.com/2007/10/4.html
Wednesday, August 24, 2011
Saturday, July 16, 2011
Por ti. Por mim. Por nós.
Ontem eu me apaixonei de novo por você. Olhei para ti e vi tudo aquilo que me fazia sorrir há alguns anos atrás. Lembrei de todos os risos, conversas, filmes, idéias, planos, e todo amor. Me indaguei diversas vezes o que aconteceu com a gente, e como chegamos aqui. Esse mix de amor e amizade e carência. Sim. Carência. Pois me parece que agora o que nos alimenta juntos é a carência. E então caímos nos braços um do outro, pois não sabemos mais onde ir. Novamente nos damos nossos ombros, mãos, cabeças, corpos corações. Sem sequer continuidade. Fingimos não saber que amanhã será igual, e que nada acabou ainda. Fingimos, só fingimos.
Te amo. Um beijo. Tchau!
E sabendo que agora seu sofrimento não pertence mais a mim, seu amor, talvez, também não, prefiro deixar-te. Enquanto ainda sorrimos um para o outro, e dizemos coisas bonitas. Sabendo que já já tudo será briga, mágoa e desencantamento, assim como todas as outras vezes. Deixo-te na hora certa dessa vez, assim espero.
Do alto do meu amor, falo para ti o quanto te amo e quanto gostaria de ser feliz ao seu lado e te fazer feliz, e por isso, agora, abandono a ti, meu amor. Declaro todo o meu amor e sigo para o lado oposto. Faço isso por mim, por você, por aquele "nós" que insiste em existir, que tem vida própria. Por amor a esse "nós" encontro outro caminho e re-aprendo a conhecer a mim mesma sem esse amor.Te amo. Um beijo. Tchau!
Tuesday, June 28, 2011
Descongela
"Acorda amor
Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração
Vem cá...
Me dá tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza"
Teu olhar triste... solitário. E eu aqui tentando entrar nesse mundo dentro dos seus olhos azuis. Te ofereço minha mão, te ofereço meu colo. Chora, vai?! Chora por ela, chora por mim, mas chora... Descongela. Vem cá... me dá sua mão. Deita aqui ao meu lado. Te ofereço meu conforto, te ofereço meu sorriso. Te dou minhas lágrimas. Meu amor já é seu, meu amor. Seu amor é só seu. Acorda. Acorda e me dá seus braços. Naquele abraço partido, partindo. Deita comigo e chora. No meu ombro, no meu colo, no meu seio. Sofre aqui comigo. Junto. Por mim, por ela, por ti. Mas sofre. Derrete. Vai embora... solta minha mão. Vai com ela, vai sozinho. Vamos juntos? Olha pra mim e olha pra ti. Olha em volta. Vem cá... me dá sua mão. Aperta forte. Escuta agora a canção que eu fiz em silêncio sobre nós dois. Teu olhar triste perdido na cama. Meu olhar triste perdido na cama. Nossa cama. Não cabemos mais em nós.
Meu amor é seu. Seu amor é só seu. Acorda. Descongela. Derrete.
Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração
Vem cá...
Me dá tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza"
Teu olhar triste... solitário. E eu aqui tentando entrar nesse mundo dentro dos seus olhos azuis. Te ofereço minha mão, te ofereço meu colo. Chora, vai?! Chora por ela, chora por mim, mas chora... Descongela. Vem cá... me dá sua mão. Deita aqui ao meu lado. Te ofereço meu conforto, te ofereço meu sorriso. Te dou minhas lágrimas. Meu amor já é seu, meu amor. Seu amor é só seu. Acorda. Acorda e me dá seus braços. Naquele abraço partido, partindo. Deita comigo e chora. No meu ombro, no meu colo, no meu seio. Sofre aqui comigo. Junto. Por mim, por ela, por ti. Mas sofre. Derrete. Vai embora... solta minha mão. Vai com ela, vai sozinho. Vamos juntos? Olha pra mim e olha pra ti. Olha em volta. Vem cá... me dá sua mão. Aperta forte. Escuta agora a canção que eu fiz em silêncio sobre nós dois. Teu olhar triste perdido na cama. Meu olhar triste perdido na cama. Nossa cama. Não cabemos mais em nós.
Meu amor é seu. Seu amor é só seu. Acorda. Descongela. Derrete.
Wednesday, June 22, 2011
Something
É tão estranho quando se sabe, ou acha que sabe, o que o outro está sentindo. Eu sabia que você estava sentindo. Sabia tanto que quase cheguei a tocar. Estiquei o braço, estiquei os dedos, e quando estava quase lá, se dissolveu. E tínhamos um sorriso tão feliz...
Não foi assim como eu senti, nem assim como pensei. Eu vivi aquilo tudo sozinha. Unilateral. Eu senti tanto que cheguei a tocar. Sorria por dentro, sorria por fora, sorria por todos os lados. Ouvi todas as músicas cantando para você. Versos e mais versos inglêses. Me espalhei na arquibancada pois aqui dentro eu já não cabia mais. Desci o espiral transbordando de sentidos. Te olhava e consiguia quase tocar suas sensações. Eram como as minhas. Não. Eu vivi tudo aquilo sozinha. E quis em silêncio "canta para mim, canta?
Não foi assim como eu senti, nem assim como pensei. Eu vivi aquilo tudo sozinha. Unilateral. Eu senti tanto que cheguei a tocar. Sorria por dentro, sorria por fora, sorria por todos os lados. Ouvi todas as músicas cantando para você. Versos e mais versos inglêses. Me espalhei na arquibancada pois aqui dentro eu já não cabia mais. Desci o espiral transbordando de sentidos. Te olhava e consiguia quase tocar suas sensações. Eram como as minhas. Não. Eu vivi tudo aquilo sozinha. E quis em silêncio "canta para mim, canta?
Monday, April 18, 2011
Escangalhada
O relógio parara de bater. As horas pareciam estáticas. Deitada em sua cama ela olhava para o teto branco e, entre muitos outros pensamentos, ela pensava por que mesmo não tinha pintado o teto de azul? Frio na barriga. Se encolhia. Cobria a cabeça com as cobertas. "Pára dor, pára!" Mas a dor tinha vida própria. O tempo passava rapidamente devagar. Ela não sentia o tempo passar. Ela morria de angustia do tempo que passava.
Tic tac tic tac. Tum tum tum. Seu coração estava estático. Seu corpo tremia de frio e suava de calor. As mãos não paravam. As cutículas insistiam em serem comidas. Feridas. Não pára. Feridas.
Ela olhava para o teto e via imagens deles juntos, deitados ali naquela mesma cama sorrindo. Como eles eram felizes, ou fingiam que eram. Ela havia amado ele com todo o corpo. Ele... ele sim. Ele dizia que sim. Ela não acreditava. Dentro de palavras bonitas, ele dizia pequenas crueldades e se esforçava a todo custo por não demonstrar afeto algum. Ele dizia que amava, mas não queria amar. Ela queria tanto... Ele virou as costas e saiu.
Ela ficou parada, asfixiada. O relógio parou de bater. Ela se olhava no espelho, e por mais que se achasse bonita não via como, não via quando, não via por quê, não via o que de interessante.
Deitada na cama, acordava cada dia ao lado de um. Um, dois, três, quatro, cinco... Ninguém. Não havia um que ela gostasse. Não havia um que gostasse dela. Ela se fechava, expulsava eles de sua cama, ia embora, não ligava. Chorava. Ela não sentia o tempo passar. O tempo passava rapidamente devagar. Ela não sentia o tempo passar. O relógio parara de bater. O coração estava estático. Escangalhou. Escangalhada. Ela estava escangalhada.
Tic tac tic tac. Tum tum tum. Seu coração estava estático. Seu corpo tremia de frio e suava de calor. As mãos não paravam. As cutículas insistiam em serem comidas. Feridas. Não pára. Feridas.
Ela olhava para o teto e via imagens deles juntos, deitados ali naquela mesma cama sorrindo. Como eles eram felizes, ou fingiam que eram. Ela havia amado ele com todo o corpo. Ele... ele sim. Ele dizia que sim. Ela não acreditava. Dentro de palavras bonitas, ele dizia pequenas crueldades e se esforçava a todo custo por não demonstrar afeto algum. Ele dizia que amava, mas não queria amar. Ela queria tanto... Ele virou as costas e saiu.
Ela ficou parada, asfixiada. O relógio parou de bater. Ela se olhava no espelho, e por mais que se achasse bonita não via como, não via quando, não via por quê, não via o que de interessante.
Deitada na cama, acordava cada dia ao lado de um. Um, dois, três, quatro, cinco... Ninguém. Não havia um que ela gostasse. Não havia um que gostasse dela. Ela se fechava, expulsava eles de sua cama, ia embora, não ligava. Chorava. Ela não sentia o tempo passar. O tempo passava rapidamente devagar. Ela não sentia o tempo passar. O relógio parara de bater. O coração estava estático. Escangalhou. Escangalhada. Ela estava escangalhada.
Wednesday, April 13, 2011
Me despeço.
Ele se foi e continua aqui. Sentado ao meu lado olho para ele, pego em sua mão e o que mais sinto é saudade. De olhos fechados ele não me olha, ele não me reconhece, ele não sabe meu nome. De olhos abertos eu seguro o choro. Ele não sorri mais com os olhos espremidos. Ele não canta mais, não fala mais coisas engraçadas. Ele não se confude mais. A cabeça dele se confundiu tanto que foi embora de vez. Ele se foi e continua aqui do meu lado.
Ninguém mais vai a praia de chapéu, nenhum indío invade mais a casa, o papagaio não come mais whiskas nem veneno, ninguém ganha mais flores no dia do aniversário. A casa de janela azuis é cada dia mais triste.
Penso que é melhor ele ir logo, penso que queria ele aqui comigo de verdade. Não sei o que pensar. Não gosto mais de olhar para ele, ele não sorri mais para mim. A gente não consegue mais se entender, e eu sofro. A ausência com prensença é mais dolorida que a ausência real.
Sentada ao seu lado, o corpo dói de saudade, os olhos se enchem d'água. Me despeço, ou tento. Ele não está mais lá.
Ninguém mais vai a praia de chapéu, nenhum indío invade mais a casa, o papagaio não come mais whiskas nem veneno, ninguém ganha mais flores no dia do aniversário. A casa de janela azuis é cada dia mais triste.
Penso que é melhor ele ir logo, penso que queria ele aqui comigo de verdade. Não sei o que pensar. Não gosto mais de olhar para ele, ele não sorri mais para mim. A gente não consegue mais se entender, e eu sofro. A ausência com prensença é mais dolorida que a ausência real.
Sentada ao seu lado, o corpo dói de saudade, os olhos se enchem d'água. Me despeço, ou tento. Ele não está mais lá.
Thursday, March 17, 2011
Deixo estar.
Haviamos chegado a um entendimento: você não me quer, eu te esqueço, e agora seremos amigos. Ponto final. Ou não.
Nesse entendimento eu mergulhei de cabeça, já que não podia mais mergulhar em você. Eu subi a rua, segui os trilhos e te deixei lá. Voltei solitária, pensativa e calma. Eu tinha entendido. Aceitado a nova condição que me impôs. Dei uma volta maior, continuei a seguir os trilhos, só para sentir por mais tempo aquela calma sensação de aceitação do não. Não.
E de repente, não mais que de repente, você me pega e me abraça e me beija. Você descumpriu nosso entendimento. Você me fez desentender tudo e desci a rua escorregando pelos trilhos, correndo. Com medo. Eu entendi e desentendi tudo em frações de segundos e, agora, confusa prometo a mim mesma que não vou mais tentar entender. Deixo estar. Simplesmente estar.
Wednesday, March 02, 2011
Não foi nada
Não foi nada. Eu acordo correndo contra o tempo. Arranhões no carro e no corpo. Mudo de cidade por alguns dias, te deixo. Noite a dentro ouço sua respiração ofegante, suas mãos sobre meu corpo. Penso se queria mesmo aquilo, penso que queria aquilo há um tempo. Assumo. Corro arranhando o carro e o corpo. Deixo de fazer a curva, sigo para a outra cidade.
Pausa.
Subo a rua e te vejo ao longe. Sorriso. Abraço. Samba, cerveja. Entro no quarto escuro, não é você que me segue. Ele entra, borboletas no estômago, você entra em seguida. Deixa ele me olhar, deixa ele me querer. - Vamos subir a ladeira? - E sigo com você. Com você. Deixo as outras borboletas quietas.
Indas e vindas. Você volta e me envolve em seus braços e me convida. Digo que sim. Quero sentir seu corpo pesando sobre o meu. - Pára! Pára! Volta.
Acordo quieta. Acordo parada. Não foi nada. Enrolada na canga te olho e te vejo. O jardim agora é feito só de saudade. O jardim foi guardado no armário. Não foi nada. Digo e repito para mim mesma - Não foi nada!
Tuesday, March 01, 2011
Eu tenho um novo segredo que não inclui você. Você disse e disse e disse. Eu ouvi, e derreti escorrendo por entre seus dedos. Como água. Tenho um segredo, agora, que você não faz parte. E não, não me olha assim, eu não quero. Não vem conversar, não fecha a porta, não entra no quarto. Não fique a sós comigo. Eu não quero. Dói.
Você não disse que não e nem que sim. Entre uma palavra e a outra eu me perdi no seu olhar negro. Não me olha de novo. Não me acha de novo só para me perder de novo. Não me perca de novo.
Fique aí. Eu estou aqui.
Wednesday, January 12, 2011
Vodka com gelo
Sua beleza me assusta. E num momento em que nada mais é belo para mim, te olho nos olhos e sua beleza me dói. Perco o foco. Olho para o lado. Olho para o chão. Esqueço aonde estou. Esqueço meus movimentos. E você me olha nos olhos também. Me abraça um abraço tão grande que eu fico pequenina e sumo dentro dos seus braços.
- Você está diferente - ele diz. Eu nada respondo. - Você não se lembra de mim, não é?
Eu respondo que sim. Ele me olha. Sério. Ele me olha. Não sorri dessa vez. Não sorrio dessa vez.
- Gelo na vodka? - E começamos a falar de vícios e fraquezas e pessoas. Ele me olha nos olhos. Dessa vez sorrimos um para o outro, um sorriso contido por mil palavras. Nervosa não paro de mexer nos cabelos. Ele senta, e levanta, e fala e pensa, e não consegue verbalizar algumas coisas e não consegue ficar parado.
- É difícil.
Digo tchau e ele me dá um longo beijo na bochecha e um longo abraço. Corro amedrontada e assustada com tanta beleza. Chego em casa e me arrependo. - Um sonho e um copo de vodka, por favor?
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